Efeitos do estresse térmico em gados de corte: como eles afetam a produtividade do rebanho?
Atualmente, os consumidores estão mais preocupados com a origem da carne que estão comendo, e como ela foi produzida. Por isso, os produtores de carne bovina estão, mais do que nunca, em busca de estratégias que auxiliem em uma produção mais sustentável e que seja pensada a partir da manutenção do bem-estar animal.
Dentre os inúmeros estudos realizados, o mais recente é de autoria do Instituto de Zootecnia da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Nele, são analisados os efeitos causados pelo estresse térmico em bovinos de corte, e como eles afetam a qualidade da carne produzida.
O Projeto, intitulado de “Perfil de expressão de genes associados ao estresse térmico e consumo alimentar residual em bovinos das raças nelore e caracu”, possui também financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
O estresse térmico pode atingir os animais de produção confinados de diferentes maneiras, afetando principalmente bovinos criados em regiões mais quentes do planeta, como Estados Unidos, Austrália e Brasil.
Como o estresse térmico afeta os bovinos de corte?
Um bovino saudável é aquele que possui capacidade de controlar a própria temperatura corporal, sem fatores externos que prejudiquem tal normalidade. Caso a soma da quantidade de calor metabólico produzida pelo animal, e do calor do ambiente externo absorvido pelo mesmo, seja superior ao que o bovino consegue perder, ele começará a acumular tal aquecimento.
Dessa forma, o calor, unido a fatores como alta umidade do ar, radiação solar e velocidade dos ventos, poderá elevar a temperatura corporal do bovino a mais de 40ºC, levando-o à morte por hipotermia.
Pesquisas apontam que, quando a temperatura ambiente está entre 25 e 35ºC, o mesmo começa a apresentar uma redução de 3 a 5% do consumo de matéria seca. Ademais, tem-se que, quando a temperatura do local em que o animal vive ultrapassa 30ºC, a frequência cardíaca do bovino poderá se elevar, aumentando a respiração pela boca e consequente manutenção. Assim, a energia utilizada para o ganho de peso se torna ainda menor.
Por isso, em países em que o clima é temperado, são comumente utilizadas técnicas de resfriamento e redução do estresse térmico dos animais. Todavia, no caso do Brasil, tem-se que os bovinos confinados são em sua maioria zebuínos, o que faz com que alguns pecuaristas ignorem o desconforto térmico sofrido por gados Nelore.
Tal crença prejudica a saúde do animal, visto que muitos produtores acreditam que a raça não sofre com as temperaturas elevadas, devido à mesma não apresentar sinais físicos com a mesma intensidade que as demais que possuem genética taurina. Mas, de acordo com análises aprofundadas acerca de animais confinados no Mato Grosso do Sul, tem-se uma percepção da queda do consumo em épocas de calor intenso, o que prejudicará o ganho de peso.
Identifique o estresse térmico e reduza os impactos causados no rebanho!
Um produtor que se preocupa em minimizar o estresse térmico sofrido por seus animais com certeza apresentará menos perdas do que os que decidirem ignorar tal cuidado. Além disso, o pecuarista garantirá um maior ganho de peso dos bovinos, somados à uma eficiência produtiva e aumento da imunidade do gado.
Entre as ferramentas mais comuns utilizadas para o monitoramento do estresse térmico em bovinos de corte, podemos citar:
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Painting Score
Essa é uma técnica já popular em países como a Austrália, e vem se popularizando cada vez mais no Brasil. Trata-se da avaliação da taxa de respiração dos bovinos sob o estresse térmico, a partir de uma escala que vai de 0 (condição de conforto) à 4.5 (extremo desconforto).
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Heat Load Index (HLI)
O HLI, ou Índice de Carga ao Calor, é uma ferramenta utilizada para a identificação do estresse térmico. Trata-se, basicamente, de um cálculo que associa informações meteorológicas (temperatura, umidade, pressão, velocidade dos ventos, etc) aos dados de cada bovino (sexo, raça, idade, etc) e aos parâmetros estruturais do lote (sombra, período em confinamento, etc).
Entre as estratégias que podem ser empregadas por pecuaristas para diminuir o estresse térmico dos bovinos, podemos citar:
- Utilização de sombras que visem reduzir a exposição a radiação solar;
- Alteração nas dietas, a fim de minimizar os efeitos negativos causados pelo calor no corpo dos bovinos;
- Resfriamento do ambiente em que os bovinos ficam em confinamento.
As preocupações com o conforto térmico dos bovinos de corte e o bem-estar dos mesmos devem se fazer cada vez mais presentes na pecuária, adaptando todos os sistemas de produção para que seja diminuído o sofrimento dos animais.
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Fontes: Minerva Foods; Notícias Agrícolas.
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