Manejo nutricional x Reprodução eficiente dos bovinos: qual a relação?
Na pecuária, é muito importante que os criadores compreendam e respeitem a relação entre a eficiência reprodutiva e a qualidade na nutrição dos animais de produção. Atualmente, é visto que não só a criação humanizada tem um papel essencial no desempenho reprodutivo, mas também o manejo nutricional, que pode afetar diversos aspectos da fisiologia, a exemplo de queda na fertilidade.
Um manejo nutricional efetivo é fundamental desde o momento em que o animal nasce, mas há momentos em que sua importância se torna mais elevada. Ainda que pareça óbvio para muitos produtores, esse nem sempre é um cuidado levado em consideração pelos profissionais, causando prejuízos à qualidade nutricional do rebanho.
Influências do manejo nutricional na reprodução
O desempenho reprodutivo é diretamente influenciado pela qualidade nutricional dos animais, seja a curto ou longo prazo no ciclo estral, e nos diferentes estados fisiológicos causados por uma fertilidade e fecundação condicionadas. Ou seja, uma real eficiência reprodutiva é a que permite que os animais tenham maior tempo de vida útil, saúde de qualidade e proliferação das crias.
Como isso acontece? É simples! A partir da nutrição de alto nível, são possíveis as ocorrências de atividades metabólicas que possibilitem ao gado desenvolver todo o seu potencial. Esse potencial diz respeito a manifestação do cio, desenvolvimento folicular, qualidade dos gametas, taxa de evolução, o ambiente uterino, o desenvolvimento do embrião e, por fim, o suporte na continuidade da gestação.
Visto que as necessidades diárias de energia, minerais e proteínas variam de acordo com cada animal do rebanho, sendo específica para cada um, é fundamental que o pecuarista considere ter um acompanhamento constante de médicos veterinários na propriedade.
Superalimentação: quais os riscos para a reprodução dos bovinos?
Atualmente, as dietas com alto teor de Proteína Bruta (PB>18%) estão sendo muito aplicadas no manejo nutricional no período pós-parto de vacas com alta produção leiteira. Todavia, ao contrário do que é pressuposto, a dieta com alto teor de PB tem sido relacionada à redução no desempenho reprodutivo das fêmeas.
Uma dieta com exorbitância de PB ou suplementação direta de ureia como fonte de nitrogênio não-protéico (NNP) pode também resultar em uma maior concentração plasmática de ureia. Tais fatores podem dificultar o desenvolvimento embrionário, tanto in vivo quanto in vitro, de fêmeas bovinas superovuladas.
No caso de vacas com ovulação natural, foi observado que a super alimentação, associada à uma maior produção de leite, pode prejudicar a efetividade embrionária. Com isso, alterações na ingestão de energia podem intervir na reprodução, visto que altera a duração e intensidade do ciclo estral.
Por isso, pode-se concluir que um manejo nutricional incorreto, ou despreparado, pode atrapalhar toda a produtividade da fazenda e, por consequência, os lucros também. Uma má manutenção durante o manejo na estação de monta atrasará a produção de bezerros. E, se a vaca não voltar à atividade reprodutiva após o desmame, não haverá nascimento de novos bezerros no próximo ano, diminuindo a produção de leite.
No que diz respeito ao gado de corte, o atraso em qualquer etapa do processo trará prejuízos na quantidade de animais comercializados, ou dificultará o processo de ganho de peso dos animais.
A reprodução dos bovinos envolve muito mais do que a gestação da fêmea, envolvendo processos anteriores e posteriores ao momento. Por isso, duas ações são essenciais para ter sucesso na eficiência reprodutiva da fazenda: o acompanhamento de um médico-veterinário de confiança, e a observação e compreensão das etapas que englobam a relação entre manejo nutricional e reprodução.
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Fonte: Revista Veterinária.
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